Como uma empresa se torna net zero: a jornada da Klabin

Tiago Jokura | 30 nov 2021 Floresta em mosaico da Klabin no Paraná
Floresta em mosaico da Klabin no Paraná. (Foto: Divulgação)
Tiago Jokura | 30 nov 2021

A década de 2010-2019 foi a mais quente da história. E a principal causa desse aquecimento são as emissões de gases de efeito estufa (GEEs), processo intensificado a partir da Revolução Industrial, em meados do século 18.

Caso a humanidade continue neste ritmo de emissão de CO2 e de outros gases, como o metano, a projeção é de que o aumento da temperatura média global, comparado a níveis pré-industriais, ultrapasse 4 ºC até 2100, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). 

Para evitar desastres naturais causados pelo aquecimento global – como derretimento de geleiras, elevação do nível dos mares, alteração na distribuição de chuvas, secas prolongadas, enchentes e mudanças em toda cadeia alimentar – é necessária a redução drástica do uso de fontes fósseis de energia, como petróleo e carvão.

E uma das principais estratégias para isso é a adoção, por parte de governos, empresas e cidadãos, de um compromisso net zero – a expressão completa é net zero carbon emissions (zero emissões líquidas de carbono, em tradução livre).

A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens e embalagens de papel do Brasil, e reconhecida nacional e internacionalmente por uma gestão pautada pelo desenvolvimento sustentável, está comprometida em ser net zero e a promover a adesão de seus pares, sejam eles corporações de pequeno ou grande porte, a essas metas.

Conscientes da urgência do tema e da importância da mobilização de todos para garantir o futuro do planeta, a Klabin, junto à Rede Brasil do Pacto Global da ONU, criou a campanha ImPacto NetZero, que convida empresas e sociedade a aderirem à economia de baixo carbono pela redução das emissões de gases de efeito estufa com base na ciência.

Parque Ecológico na Fazenda Monte Alegre, no Paraná, mantido pela Klabin. (Foto: Divulgação)

Por meio de inúmeras iniciativas de descarbonização de seus processos produtivos, a companhia reduziu em 64% suas emissões específicas (CO2 eq/t produto) nos últimos 16 anos. Atualmente, o balanço de emissões da Klabin é positivo: os 578 mil hectares de florestas mantidas pela empresa capturam mais gases estufa do que os emitidos pelas operações da Klabin. Entre emissões e captações, a empresa mantém um saldo positivo de 4,5 milhões de toneladas de carbono equivalente anualmente.

Júlio Nogueira, gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Klabin, comenta:

“De um lado está o nosso processo produtivo, emitindo carbono, e de outro está a floresta, retirando carbono da atmosfera e liberando oxigênio.”

O comprometimento da Klabin com o tema contribuiu para que a empresa fosse convidada a integrar o COP26 Business Leaders, grupo responsável por difundir e engajar o setor privado no tema mudanças climáticas, além de tratar das pautas da 26ª Conferência das Partes, realizada este mês [novembro de 2021] em Glasgow, Escócia. 

Mas, afinal, o que é ser net zero?

Adotar metas net zero é, antes de tudo, reduzir ao máximo a emissão de carbono e, a partir daí, neutralizar as emissões residuais, ou seja, aquelas que não foi possível eliminar. 

Mais do que compensar as emissões, é preciso promover uma queda drástica delas para manter um planeta mais resiliente. Quanto mais próximo de zero o nível de emissões líquidas de CO2, melhor.

Embora muitas empresas já compensem suas emissões com créditos de carbono, é hora de ir além. As organizações precisam estruturar e divulgar planos de gestão voltados à redução da emissão líquida de CO2 em toda a cadeia produtiva de que fazem parte. Isto significa compensar, além dos gases gerados em suas atividades, as emissões de fornecedores, distribuidores e consumidores.

Outro diferencial da estratégia net zero é priorizar a ciência na hora de estabelecer metas e planejar as ações. Com esse foco, a Klabin está alinhada com a Science Based Targets initiative (SBTi), iniciativa que oferece métodos e ferramentas para que empresas de diferentes portes estabeleçam metas de redução de emissões de GEEs. Tais metas estão baseadas no que a mais atual ciência climática indica para alcançar os objetivos do Acordo de Paris, limitando o aumento da temperatura global a muito abaixo dos 2 °C e fazendo todo o possível para mantê-lo em até 1,5 °C. 

Em maio deste ano (2021), a Klabin teve suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa aprovadas pela SBTi, que conta com o compromisso de mais de 2100 empresas na redução de suas emissões com base na ciência. 

Atuando em dois escopos (1. emissões próprias e 2. emissões em energia comprada), a meta aprovada estabelece a redução das emissões de GEEs por tonelada de celulose, papéis e embalagens em 25% até 2025, e em 49% até 2035, tendo 2019 como ano-base.

Outra importante iniciativa da empresa em relação à sustentabilidade são os Objetivos Klabin para o Desenvolvimento Sustentável (KODS). Em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a empresa estabeleceu em 2020 a Agenda Klabin 2030, com metas de curto, médio e longo prazos que priorizam as necessidades ambientais, sociais e de governança (ESG) fundamentais para o desenvolvimento de seus negócios e para as urgências da sociedade e do planeta.

O ESG tem se difundido amplamente no mercado de investimentos nacional e internacional e já é usado como marcador de seleção para negócios. Acionistas e investidores vêm gradualmente priorizando empresas que adotam princípios sustentáveis em relação ao meio ambiente, à sociedade e à administração corporativa.

O conjunto desses fatores indica as empresas que estão engajadas com as novas demandas globais de sustentabilidade e, por consequência, quais delas têm mais chances de promover bons negócios e impactar positivamente o planeta. 

De acordo com o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE)

“A modalidade ESG acrescenta aos investimentos tradicionais o interesse pela mitigação de riscos ambientais, sociais e de governança causados pela atuação da empresa investida com a expectativa de maior retorno financeiro e agregação de valor.”

Não à toa, a Klabin foi incluída no Sustainability Yearbook 2021 da S&P Global, responsável pelas avaliações ESG dos Índices Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI). O anuário é uma importante fonte de dados do mercado financeiro para investidores, clientes, pesquisadores e demais partes interessadas.

A publicação analisa mais de 7 mil empresas no mundo todo e lista as líderes em sustentabilidade, de acordo com o desempenho em práticas ESG, por ramo de atividade. A Klabin figura entre as mais sustentáveis ​​do setor de embalagens de papel.

Júlio Nogueira declara:

“As avaliações ESG da S&P Global estão entre as mais meticulosas e robustas, o que nos deixa ainda mais orgulhosos de integrar o Índice de Sustentabilidade Dow Jones nas categorias Mundial e Mercados Emergentes. Fazer parte do DJSI é um dos mais importantes reconhecimentos que uma empresa pode conquistar e só reforça nosso longo compromisso com a sustentabilidade”.

E o que fazer para ser uma empresa net zero?

Como mencionado anteriormente, a SBTi oferece métodos e ferramentas para as empresas estabelecerem metas de redução de emissões de GEEs com base no que há de mais atual nas ciências climáticas. O processo pode ser resumido em cinco passos:

#1 Compromisso
A empresa envia uma carta à SBTi indicando seu comprometimento em estabelecer uma meta com base científica para reduzir emissões de GEEs;

#2 Desenvolvimento
A SBTi disponibiliza, gratuitamente, diversos recursos que explicam como as empresas devem elaborar as metas. A partir do envio da carta compromisso (passo #1), a empresa tem até 24 meses (dois anos) para desenvolver, validar e publicar suas metas; 

#3 Envio
A empresa encaminha as metas à equipe da SBTi para validação oficial; 

#4 Comunicação
Uma vez aprovadas, as metas da empresa são publicadas na seção Companies Taking Action do site da SBTi e em páginas de parceiras. A empresa recebe dicas sobre como apresentar as metas aos stakeholders;

#5 Divulgação
A empresa deve divulgar anualmente suas emissões de GEEs e seu progresso, de forma a avaliar os passos rumo aos objetivos definidos.

E quais são os benefícios de ser net zero?

Além de contribuir para a preservação do planeta e das formas de vida que habitam nele, estabelecer metas de redução de emissão de GEEs com base na ciência também é bom para os negócios.

De acordo com uma pesquisa realizada com 185 executivos de empresas comprometidas com a SBTi, demonstrar um compromisso concreto com a sustentabilidade e com metas net zero resultou em seis benefícios:

#1 Reputação da marca
Cerca de 79% dos líderes entrevistados apontam esta vantagem. Quando consumidores e colaboradores se tornam mais conscientes sobre os efeitos que suas escolhas têm sobre o meio ambiente, a sustentabilidade cresce como tendência e aumenta a visibilidade de companhias que aderem a essas práticas.

#2 Confiança do investidor
Na pesquisa, 52% dos executivos afirmam que seguir as orientações da SBTi aumenta a confiança dos investidores em seus negócios.

Isso é fruto de um cenário em que a pressão de investidores, clientes e reguladores para a adoção de práticas ESG pelas empresas cresce exponencialmente ano após ano, conforme relatório do MSCI.

Acionistas têm se interessado cada vez mais por políticas ambientais das companhias nas quais investem como forma de manter seus investimentos qualificados no futuro. Prova disso é que a BlackRock, maior administradora de ativos do mundo, avalia e recomenda resoluções de gestores e acionistas com base em compromissos climáticos.

#3 Resiliência contra regulamentações futuras
À medida que mais governos buscam se adequar ao Acordo de Paris e outras metas de sustentabilidade, as empresas precisam se adaptar a novas formas de conduzir seus fluxos de manufatura, transporte e logística.

Mais de um terço (35%) dos participantes da pesquisa relatam que definir metas científicas os ajuda a ter resiliência contra regulamentações futuras em níveis nacional e internacional.

#4 Mais possibilidades de inovação
Diante da transição para uma economia de baixo carbono ou carbono zero, empresas que alinham suas estratégias à SBTi abrem mais janelas de oportunidade para a inovação. 

Quase dois terços (63%) dos líderes apontam que definir metas com a SBTi impulsiona a inovação em seus negócios, enquanto 50% esperam que ao menos metade de seus produtos e serviços sejam de baixo carbono até 2030.

#5 Maior economia
Embora possa parecer que transformar um negócio em modelo sustentável exija altos custos, cerca de 29% dos executivos que aderiram à SBTi declaram economia no balanço financeiro de seus negócios.

Ao definir metas científicas com um time de especialistas técnicos, as empresas estão trabalhando para que suas operações permaneçam eficientes e resilientes em um futuro com recursos mais caros e escassos.

#6 Vantagem competitiva
Pioneiros da transição para uma economia de baixo carbono, mais da metade (55%) dos entrevistados dizem que se comprometer com as metas científicas da SBTi traz vantagem competitiva.

Com a incerteza reduzida, confiança dos investidores fortalecida e maiores lucros, as companhias comprometidas com uma economia de baixo carbono estão à frente dos concorrentes.

Para saber mais sobre net zero e estabelecer metas sustentáveis apoiadas na ciência – seja para seu negócio, seja para a sua vida –, conheça o ImPacto NetZero.


CONFIRA TAMBÉM