Inclusão digital: Microsoft aposta na acessibilidade em recurso de linguagem de sinais no Teams

Julia Moioli | 19 dez 2022
Nayana Amorim, gerente de marketing para trabalho moderno da Microsoft no Brasil.
Julia Moioli | 19 dez 2022

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 1,3 bilhão de pessoas no mundo (ou seja, uma em cada seis) vivam com alguma deficiência significativa – número em ascensão por conta do aumento de doenças crônicas e da expectativa de vida. A estatística, somada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelas Nações Unidas até 2030, foram alguns dos motores para a última aposta da Microsoft: um recurso focado em acessibilidade para a plataforma de comunicação Teams – desta vez, de visualização de linguagem de sinais.

Uma das queixas da comunidade com deficiência auditiva em relação ao Teams era a dificuldade de focar nos intérpretes presentes nas reuniões, já que todas as câmeras e documentos compartilhados eram vistos da mesma forma e a tela parecia “bagunçada”. Com a nova funcionalidade, é possível estabelecer uma visão de janela particular, selecionando e fixando a imagem dessas pessoas, mantendo-as em um ângulo privilegiado e centralizado. Os fluxos de vídeo priorizados também passam a aparecer automaticamente na proporção correta e na qualidade mais alta disponível.

A ferramenta foi pensada para auxiliar pessoas com deficiência – mas pode ser usada por todos. É o que afirma Nayana Amorim, gerente de marketing para trabalho moderno da Microsoft no Brasil.

“Pense em uma rampa: ela é fundamental para um cadeirante, mas pode ajudar mais gente, como uma criança que está aprendendo a andar ou um ciclista. A funcionalidade de fundo de tela que nos ajuda a esconder a casa desarrumada ou a criança passando pela câmera no home office surgiu a partir de uma desenvolvedora do time de tecnologia que tem uma deficiência auditiva e faz leitura labial. Ela percebeu que qualquer tipo de distração no fundo da tela dos participantes de uma reunião dificultava sua interpretação”.

Outros exemplos são as legendas ao vivo (em mais de 40 idiomas), facilitando a compreensão em ambientes barulhentos; a redução de ruídos externos, permitindo foco na voz;  o reconhecimento por voz de quem está falando o controle por voz para entrar e sair de reuniões e ligar e desligar o microfone, feito via Cortana, assistente virtual da Microsoft; e a funcionalidade share live para compartilhamento de tela via aplicativo. Com essa última, o usuário pode alterar a gama de cores exibidas (apenas) para ele, função especialmente útil para que daltônicos visualizem as apresentações da melhor forma.

Novo recurso de linguagem de sinais do Teams

OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO

De acordo com o relatório do Return to Disability Group, consultoria de mercado focada no assunto, em 2020, pessoas com algum tipo de deficiência, junto com seus amigos e família, tinham um poder de compra da ordem de 13 trilhões de dólares.

“Todos os nossos produtos, por natureza, incluem características de acessibilidade e isso é pensando desde sua concepção”, afirma Nayana.

“Os percentuais de pessoas que têm deficiência no mundo são muito altos, e essas pessoas precisam ser envolvidas. Até porque há deficiências permanentes, mas também temporárias, que acontecem, por exemplo, quando quebramos um braço.”

Para garantir essa perspectiva durante o processo de criação de suas soluções, a empresa mantém conversas constantes com usuários, inclusive por meio do canal de feedback. Mas a estratégia central é incluir em seu quadro de funcionários – e, principalmente, no time de produto – pessoas com deficiência. No caso do recurso de visualização de linguagem de sinais, um arquiteto de acessibilidade do Teams surdo fez parte da equipe de desenvolvimento nos Estados Unidos.

O PAPEL DO BRASIL

Embora o desenvolvimento de novos produtos esteja concentrado no headquarter da companhia, na cidade de Redmond, no estado norte-americano de Washington, a subsidiária brasileira também tem um papel importante na questão da inclusão. Além de levantar funcionalidades necessárias ainda não disponíveis, centra esforços em educação.

“Temos uma enorme rede de clientes e parceiros em nosso ecossistema e educá-los não só reforça a importância da inclusão e de levá-la para dentro dessas empresas também, que muitas vezes não estão tão estruturadas como nós, mas também deixa claro o potencial que temos com as nossas tecnologias. Quantas pessoas usam o Teams e nem sabem que essa funcionalidades existem? Realizamos treinamentos e organizamos eventos com palestrantes que falam sobre questões como capacitismo.”

Esse trabalho também está no centro das atenções da matriz, que elaborou uma espécie de guia de melhores práticas em seu site para tornar reuniões e eventos online mais inclusivos. Trata-se de um compilado de dicas e recomendações, que, de novo, beneficiam-se pessoas com deficiência e também funcionários em trabalho híbrido, realizando reuniões a distância e sem a possibilidade de interagir exatamente como no modelo presencial.



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