O Brasil detém o maior estoque de carbono do mundo sobre terra firme, constituindo-se como um dos principais ativos ambientais globais. A quantificação do teor e volume de carbono na floresta amazônica, tanto no solo quanto na vegetação, é um fator relevante para sua preservação.
Diante da urgência do combate às mudanças climáticas, discutida na COP28, e da deliberação sobre a regulação do mercado de carbono pelo Congresso brasileiro, a metodologia de medição do carbono estocado é um dos principais instrumentos para quantificar e valorizar ativos ambientais. Uma medição mais precisa do teor e quantidade de carbono oferecerá uma noção real do valor deste tão valioso ativo ambiental nas florestas e biomas preservados, impactando positivamente comunidades, biodiversidade e iniciativas de proteção ambiental em todo o planeta.
A Unesp, em parceria com a universidade de Sassari/Sardenha, desenvolveu a metodologia baseada em protocolos do IPCC que mede com assertividade a quantidade e teor de carbono estocado nas florestas tropicais e outros biomas. Esse avanço, validado tecnicamente pela KPMG, representa uma oportunidade única para quantificar e valorizar um dos maiores ativos brasileiros perante o planeta.
Essa medição envolve protocolos que incluem coleta de centenas amostras in loco e testes laboratoriais cientificamente comprovados. As unidades de carbono estocado têm origem em áreas nativas, preservadas, sem histórico de desflorestamento, queimadas e com situação fundiária regularizada. Após uma avaliação minuciosa, mensuração e validação dos ativos de carbono estocado na área, são originados ativos ambientais que podem ser comercializados.
O Brasil é o maior detentor de estoques de carbono do mundo, que são essenciais para o equilíbrio do clima global. A quantificação e monetização desses ativos ambientais é tão importante quanto os ativos oriundos da transição energética. As florestas devem ser preservadas por seu estoque de carbono e por outros benefícios socioambientais, como regulação climática, qualidade da água e do solo, preservação da biodiversidade e geração de renda para comunidades locais que mantêm relações sustentáveis com o bioma de todo o planeta.
Essa abordagem integrada visa valorizar não apenas o carbono estocado, mas também os inúmeros benefícios proporcionados pela preservação das florestas tropicais, alinhando-se com as discussões sobre mudanças climáticas, proteção da biodiversidade em âmbito global e regulação do mercado de carbono.
Neste sentido, aplaudimos a Proposta de Lei apresentada pelo Senado, que contempla a valorização dos ativos ambientais genuinamente brasileiros. Acreditamos que a Câmara dos Deputados apresentará melhorias para contemplar a valorização e comercialização dos ativos ambientais estocados na nossa floresta amazônica.
**Iraê Amaral Guerrini é professor titular na área de Fertilizantes e Corretivos na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp.
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